Breves: Tendências na indústria dos lubrificantes para 2024

A sociedade global atual caracteriza-se pelo seu constante dinamismo, trazendo novos contextos de mudança para todas as suas dimensões. Megatendências, como o aumento da população e a escassez de recursos, trazem implicações de diferentes naturezas e a vários níveis, em particular, para os setores económicos e atividades industriais enquanto principais motores da sociedade e com efeitos diretos nas esferas económicas, sociais e ambientais.

No que refere à indústria de lubrificantes, para 2024, especialistas [1] indicam um conjunto de principais tendências, globais e específicas do setor, que têm vindo a constituir as principais forças de mudança da indústria.

Crescente aumento dos esforços de sustentabilidade

Em primeiro lugar é sinalizado o crescente aumento dos esforços de sustentabilidade, que de um modo geral são transversais a todas as indústrias. No contexto dos lubrificantes, o tópico da sustentabilidade engloba diversas questões ao longo da cadeia de valor, desde questões de produção relacionadas com a diminuição da toxicidade e composição dos óleos lubrificantes, até questões relacionadas com a transformação da mobilidade, considerando a minimização de emissões poluentes e o respetivo objetivo de descarbonização.

No que refere aos lubrificantes enquanto produto, o conceito de sustentabilidade surge essencialmente em duas grandes frentes: na dimensão do consumo, com as crescentes preocupações ambientais dos consumidores; e na dimensão legal e regulatória, com o aumento dos critérios de produção e consumo exigido a este tipo de produtos. Ambas as dimensões têm promovido o desenvolvimento e integração no mercado de lubrificantes com menor impacte ambiental, tipicamente denominados como “lubrificantes verdes”, “eco-lubrificantes”, ou “lubrificantes baseados em óleos naturais”. Apesar de alguma falta de harmonização em relação a este tipo de produtos, tipicamente, caracterizam-se pelo seu elevado nível de biodegradabilidade e não toxicidade. Neste contexto, um dos principais desafios que se apresenta à indústria relaciona-se com o desenvolvimento de produtos que permitam corresponder a estas considerações ambientais, mas também aos requisitos técnicos exigidos aos lubrificantes (critérios de performance). [2]

Aparecimento de novas tecnologias irá trazer novos desafios para a indústria de lubrificantes

Outra vertente com destaque prende-se com as transformações complexas associadas ao setor da mobilidade, que por sua vez, tem sido fortemente afetado pelo contexto político e estratégico, bem como pelo contexto legal e regulatório.

A descarbonização e neutralidade carbónica é um objetivo estabelecido à escala mundial, variando o seu âmbito a nível nacional/regional. Na União Europeia, documentos estratégicos e regulatórios como o Pacto Ecológico Europeu (que aponta para neutralidade carbónica até 2050) [3], os Standards de Emissões Europeus, e a Diretiva de promoção de veículos de transporte rodoviário não poluentes e energeticamente eficientes [4] têm promovido a redução de emissões, em particular, no setor dos transportes, difundindo os temas da mobilidade sustentável, com a introdução de standards de emissões e consumo de combustíveis fósseis, e a promoção do desenvolvimento e adoção de tecnologias de veículos mais limpas, tais como veículos elétricos. A promoção da mobilidade sustentável traz assim desafios para a indústria dos óleos lubrificantes ao nível do desenvolvimento e melhoria de produtos específicos que permitam corresponder às necessidades destas novas formas de mobilidade. [1]

Desenvolvimento e crescimento da Indústria 4.0

A Indústria 4.0, ou quarta revolução industrial, é um movimento industrial caracterizado pela transformação digital das atividades de manufatura e processos industriais, com o objetivo de criar sistemas mais inteligentes, eficientes e conectados. A Indústria 4.0 integra aplicações tecnológicas baseadas em inteligência artificial, tecnologia de digital twin, internet of things (IoT), machine learning, entre outras. [5]

No âmbito da indústria lubrificante, a Indústria 4.0 tem impacte ao nível da seleção, consumo e avaliação dos produtos, introduzindo sistemas de dados para avaliação da performance e tomada de decisão em relação a estes produtos. Para além disso, a Indústria 4.0 traz ainda novas oportunidades no tópico da sustentabilidade para a indústria dos lubrificantes, promovendo melhorias ao nível dos processos da cadeia de valor, por exemplo do ponto de vista da maximização da eficiência energética e utilização de recursos. Neste sentido, um dos principais desafios para os atores da cadeia de valor dos lubrificantes prende-se com a adaptação a estas integrações tecnológicas, mas sobretudo com a capacitação para a leitura e análise dos dados captados e extraídos. [1]

A resiliência e evolução da indústria lubrificante face a estes desafios irá depender da capacidade de adaptação e transformação dos seus atores, implicando o envolvimento contínuo dos stakeholders de toda a cadeia de valor.

Referências:

[1] Lubes’N’Greases (2024) Key trends in the Lubricants Industry in 2024. Consultado em: https://www.lubesngreases.com/magazine/30_1/key-trends-in-the-lubricants-industry-in-2024/

[2] Lube Magazine (2024) All shades of green lubricants.     Consultado em: https://content.yudu.com/web/1vf9k/0A1vfnf/L179February2024/html/index.html?page=40&origin=reader

[3] European Commission (2021) Factsheet – The Transport and Mobility Sector. Consultado em: https://commission.europa.eu/strategy-and-policy/priorities-2019-2024/european-green-deal/transport-and-green-deal_pt

[4] European Commission (2019) Clean Vehicles Directive. Consultado em:  https://transport.ec.europa.eu/transport-themes/clean-transport/clean-and-energy-efficient-vehicles/clean-vehicles-directive_en

[5] European Parliament (2015) Industry 4.0 – Digitalisation for productivity and growth. Consultado em: https://www.europarl.europa.eu/RegData/etudes/BRIE/2015/568337/EPRS_BRI(2015)568337_EN.pdf