Sogilub (S): Fale-nos um pouco da REPSOL e da sua actividade/percurso em Portugal, principais actividades, o que vos diferencia no sector…
REPSOL (R): A Repsol é uma empresa líder ibérica na área da multienergia. Uma companhia com mais de 80 anos, que está em Portugal com uma presença expressiva desde 1990. Em Portugal desenvolvemos a nossa atividade nas áreas Industriais, mais concretamente na Química, nas áreas Comerciais, através das Estações de Serviço, do GPL, dos Lubrificantes e Asfaltos, entre outros produtos especializados e nas Renováveis.
Para além disso, e assumindo o nosso desígnio traçado em 2019 de atingir zero emissões líquidas de CO2 em 2050, temos vindo a promover diversos projetos relacionados com as novas formas de produção de energia. Assim, estamos a atuar em várias frentes: nos combustíveis sintéticos, nos biocombustíveis, incluindo no setor aéreo, na energia eólica offshore, na construção parques solares e eólicos, entre outros.
Mais recentemente, apresentamos dois projetos ibéricos de descarbonização e economia circular, em linha com a atividade da Sogilub. O primeiro projeto tem como objetivo construir uma das maiores fábricas do mundo de produção de combustíveis com zero emissões líquidas, gerado com energia renovável. O segundo, que tem como ensejo substituir parte do consumo dos combustíveis tradicionais utilizados no processo de produção, será uma fábrica de geração de gás a partir de resíduos urbanos.
Estamos, ainda, a desenvolver pontos de carregamento elétricos, onde somos líderes ibéricos, com mais de 1.200.
É isto que nos diferencia da concorrência, trabalhar para o futuro, numa base diária, para melhorar a forma como exploramos e vivemos. A inovação está na nossa génese, razão pela qual procuramos novas fontes de energia para forma a reduzir as emissões de CO2 no meio ambiente e preservarmos a sustentabilidade do planeta e dos seus recursos.
(S): De forma geral, considera a atividade da Sogilub importante? Porquê?
(R): A Sogilub tem demonstrado como é possível concretizar a teoria da economia circular, razão pela qual a sua atividade é fundamental, não apenas para a indústria onde atua, mas também como exemplo para as demais.
Todos os setores devem respeitar o ciclo de vida da natureza e potenciar a longevidade das matérias-primas existentes, dando-lhes uma nova vida, pois a sua correta gestão é indispensável para a preservação do ecossistema e das suas populações.
Os óleos usados são classificados como resíduos perigosos, na medida que contêm inúmeros produtos que induzem riscos para a saúde e para o ambiente. Nesse sentido, é preponderante uma sociedade como a Sogilub, visto que garante a recolha e entrega destes resíduos a operadores devidamente licenciados, por forma a salvaguardar o seu tratamento e valorização, em condições ambientalmente adequadas.
(S): A Sogilub e a REPSOL têm já vários anos de colaboração. Considera importante a adesão ao SIGOU? Como vê a interação com a Sogilub?
(R): Apraz-nos integrar o sistema SIGOU, não apenas porque compagina com a nossa visão e postura ambiental, mas também porque nos permite canalizar os nossos esforços para o desenvolvimento de novas soluções.
A Sogilub, ao coordenar os diversos intervenientes que asseguram a recolha dos óleos usados junto dos produtores, o seu transporte e a respetiva valorização, através de regeneração, reciclagem ou valorização energética, garante que todos os agentes estão em conformidade com a legislação e que são parte ativa da economia circular. Prova disso, são os produtos com bases regeneradas que a Repsol tem no seu portefólio.
(S): Como avalia a evolução do desempenho da Sogilub ao longo dos anos e qual o balanço que faz, de acordo com a experiência internacional da REPSOL?
(R): A Sogilub é um parceiro da Repsol. O tipo de relacionamento que temos reflete a preocupação com o ambiente e com a recuperação das matérias-primas, que ambas as entidades têm. O seu compromisso com a sustentabilidade, alicerçado na vocação protetora e didática fazem dela uma referência nacional e internacional. É um bom exemplo de uma sociedade que consegue reunir todos os players de um setor, em prol de um desenvolvimento sustentado e sustentável. É, ainda, a evidência de que é possível desenvolver uma verdadeira economia circular, otimizando custos e gerando valor acrescentado.
(S) Do seu ponto de vista, tendo em vista o desenvolvimento tecnológico, e as novas formas de encarar a mobilidade, nomeadamente o aumento da penetração dos veículos elétricos, que desafios futuros se colocam aos Produtores de Óleos Lubrificantes, bem como à Sogilub, enquanto entidade gestora dos óleos lubrificantes usados?
(R): As sociedades contemporâneas estão acostumadas a um quotidiano que apenas é possível com o recurso a máquinas. Os lubrificantes são indispensáveis à logística humana e estão presentes em quase todos os sistemas mecânicos essenciais ao nosso dia a dia. Eles são responsáveis, em certa medida, pela nossa comodidade e bem-estar. É importante ainda ressalvar que eles estão presentes noutro tipo de transportes, como, por exemplo a bicicleta, os barcos, os comboios e os aviões, sendo que todos eles continuarão com partes mecânicas em movimento e que necessitam de lubrificação.
No que concerne à indústria automóvel, temos assistido, nos últimos tempos, ao desenvolvimento de fluidos projetados especificamente para os modelos de alta tecnologia, como híbridos e os veículos elétricos.
Naturalmente, a indústria terá que se adaptar às novas exigências do mercado, mas deverá, em todos os momentos, garantir que nenhuma matéria-prima é desperdiçada e, nesse sentido, a Sogilub continuará a ser um elemento indispensável e catalisador na cadeia de valor.
(S): A situação, sem precedentes, que estamos a viver, está a ter um impacto enorme na atividade económica no geral, e na relacionada com o automóvel em particular. Quer comentar esse impacto e sugerir algumas medidas que pudessem ajudar a mitigar a situação?
(R): A crise sanitária e económica causada pela Covid-19 alterou diversos paradigmas, não obstante, a incidência na mobilidade, derivada fundamentalmente ao combate à propagação do vírus, foi maior. Se efetuarmos uma retrospetiva, percebemos que a digitalização e a massificação dos dispositivos conectados à rede já vinham a trilhar o seu caminho e a impactar, diretamente, o setor dos transportes. Certas atividades, não apenas laborais, são hoje realizadas remotamente. A pandemia apenas veio acelerar um movimento que já estava em processamento. Não obstante, também evidenciou a panóplia de vantagens da globalização, da desterritorialização e da mobilidade.
Para além disso, também agudizou o sentimento da falta de autonomia e dependência. O automóvel confere-nos uma certa liberdade de movimento, sendo que, apesar de alterarmos rotinas, trajetos e até mesmo espaços, o ser humano necessita de se movimentar, pois está na sua génese.
Com a diminuição da circulação de automóveis, conseguimos diminuir a poluição nas cidades, é um facto. Porém, o estado de paralisação e letargia também trouxe efeitos nefastos à economia. Devemos promover a diminuição de emissões de CO2, sim, mas é também urgente, por exemplo, a renovação da frota automóvel para viaturas com múltiplas tecnologias. Iremos assistir a uma diversidade de soluções energéticas e a novos fluidos com baixos teores em carbono. A economia circular continuará a crescer e o papel dos operadores que se movem nesta nova economia será crescente.
(S): A Repsol incorpora óleos usados no seu processo de fabrico de lubrificantes?
(R): Sim, a Repsol tem no seu portefólio de produtos lubrificantes uma gama com bases regeneradas.
(S): A marca Repsol é muito conhecida mundialmente devido à sua participação no mundial de MotoGP. Isso é importante para a comercialização de lubrificantes?
(R): Sim, a Repsol tem uma longa tradição nesta associação ao motociclismo de competição e à Honda HRC.
Isso é importante para o nosso negócio de lubrificantes, não só na sua comercialização, como no próprio desenvolvimento de produtos, que se inicia no Repsol Technology Lab, com novas formulações que depois são testadas e com a HRC e cujas novas tecnologias acabam por chegar aos centros de produção aqui na Europa mas também na Ásia e na América, mercados onde comercializamos os nossos produtos e a paixão pelas motos e pelo MotoGP facilitam a nossa penetração nos mercados.