Natural e infelizmente, esta rubrica da nossa Newsletter não pode deixar de abordar a situação global mais anómala, que alguma vez foi colocada à sociedade.
Nunca, na história da humanidade, se enfrentou uma ameaça global com esta dimensão, cuja extensão se deve à globalização e à enorme mobilidade de que gozamos actualmente, sendo a estratégia de combate, a imobilidade.
Deveremos ter em conta que, com maior ou menor intensidade, estão a ser impostas medidas de confinamento em 187 países e territórios, tendo a actividade económica caído drasticamente em todo o mundo. O impacto na economia, tanto a nível nacional, como global, será brutal e sem precedentes, levando, inevitavelmente ao encerramento de empresas e ao aumento do desemprego. A agravar a situação, não é possível prever, sem uma enorme margem de erro, qual a duração desta crise, e como se irá processar a recuperação económica.
Os danos causados pelo COVID-19 nos mercados petrolíferos estão a ser gravíssimos e com contornos nunca vistos. Para além da paragem de algumas indústrias e sectores utilizadores de produtos refinados, sem dúvida que a paralisação dos transportes, com especial incidência na aviação e no transporte terrestre, estão a fazer descer a procura para valores impensáveis há semanas atrás. Esta quebra de procura, leva inevitavelmente a um excesso de oferta, que para além de fazer cair drasticamente os preços, cria sérios problemas de armazenamento de produtos, conduzindo ao encerramento de refinarias, como já aconteceu em Portugal em Matosinhos, e irá acontecer em Sines no próximo mês de Maio.
Como já se está a verificar, o distanciamento social, a proibição de viagens e o encerramento de negócios não essenciais, fizeram diminuir muito significativamente a procura de combustíveis, principalmente de gasolina e de combustível de aviação, não sendo a queda tão grande no gasóleo rodoviário, devido a se estarem a manter os serviços essenciais, tais como distribuição de alimentos, produtos de saúde, forças de segurança, bombeiros, etc.
Naturalmente que também o mercado dos lubrificantes irá sofrer um forte impacto negativo, particularmente no segmento automóvel. O reduzido número de deslocações, impostas pelo confinamento social, levaram ao encerramento de alguns concessionários e oficinas, não se efectuando mudanças de óleo, nem se vendendo automóveis.
O consumo de lubrificantes comerciais e industriais está a sofrer um menor impacto, em grande parte porque a nossa subsistência depende desses segmentos para fornecer produtos e serviços essenciais, embora à medida que o desemprego aumenta e o PIB diminui, a relação ao consumo de lubrificantes, que se tem situado normalmente cerca de 3% a 4% abaixo do PIB, no mesmo período, será inevitável.
Segundo as previsões recentemente divulgadas da Kline & Company, Inc. empresa global de consultoria de gestão e estudos de mercado para os setores de energia, produtos químicos e de consumo e ciências da vida, o consumo global de lubrificantes em 2020 poderá cair entre 15% e 30% em relação aos níveis de 2019.
Não existe qualquer dúvida que a indústria de lubrificantes terá um longo e difícil caminho pela frente, e a Sogilub, tal como as Sociedades Gestoras congéneres, irá inevitavelmente passar por um período complicado, não só pela diminuição da receita relativa ao Ecovalor proveniente da venda de óleos novos, como pela redução do volume e do valor de mercado dos óleos base produzidos.
Continuaremos a levar a nossa actividade por diante, com o mesmo empenho e dedicação, e com as adaptações que forem sendo necessárias, para fazermos frente à nova realidade social, à nova forma de vida, porque o óleo continua a ter mais vidas.