Como habitualmente, aproveitamos a primeira Newsletter do ano para fazer um balanço do que se passou no ano transato e tecer algumas considerações sobre o que agora começa.
O ano de 2022 foi decerto, desafiante e até em certa medida desconcertante.
Estaria fora do pensamento da esmagadora maioria de nós que, numa altura em que o Mundo estava a sair e a recuperar de uma situação pandémica tão adversa, um conflito armado de grandes proporções tivesse início na Europa.
Para além do sofrimento humano que a invasão da Ucrânia pela Rússia provocou e continua a provocar, as suas consequências económicas fizeram-se sentir em todo o Mundo, com a Europa, fruto da sua dependência do petróleo, produto que a Rússia é o 3º produtor mundial e do gás natural, em que é 2.º, a ser a região mais impactada, sendo de realçar as perspetivas de recessão na maior economia europeia, a alemã.
A par destes produtos energéticos essenciais para a manutenção da economia e da sociedade, as interrupções das cadeias de abastecimento têm causado severos problemas, impulsionando a inflação e levando os governos a tomar medidas de emergência para conter o aumento de preços nos setores da energia e agroalimentar.
Também o sector automóvel foi fortemente afetado, em grande parte devido à escassez de “chips” e cablagens, produzidos em fábricas situadas na Ucrânia, que forneciam os principais fabricantes de automóveis europeus.
No que respeita à economia portuguesa, de acordo com a primeira estimativa feita pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), apesar do contexto desfavorável da guerra na Ucrânia e de abrandamento global provocado pela inflação e pela subida das taxas de juros, verificou-se um crescimento da economia portuguesa em 2022. Segundo a mesma fonte, esse aumento deveu-se ao contributo positivo muito significativo da procura interna, verificando-se uma aceleração do consumo privado e um abrandamento do investimento e da procura externa, bem como um aumento do volume das exportações de bens e serviços e uma desaceleração das importações.
Para a Sogilub, esperava-se que 2022 fosse o ano em que o mercado de óleos novos voltaria a reequilibrar-se, aproximando-se dos valores pré-pandémicos de 2019, o que se veio a verificar. Mas o que marcou o ano foi o aumento excecional do preço de venda do óleo usado pré-tratado (figura abaixo), que vendemos como matéria-prima, principalmente para óleo novo com bases regeneradas. Este fenómeno fez com que, apesar da Sogilub no início de 2022 ter diminuído, como nunca, o ecovalor de 96€/ton para 53€/ton, na tentativa de vir a equilibrar os seus excedentes de 2020 e 2021, enquanto, ao mesmo tempo, diminuía o esforço do consumidor final na prestação financeira ambiental, os resultados ainda continuaram a ser positivos durante 2022, obrigando a novas medidas para 2023 (descida do ecovalor para 35€/ton).
Em termos operacionais, o ano foi muito semelhante ao anterior, com a particularidade de se manifestar uma tendência de subida da quantidade de óleo usado recolhido por dia (em cerca de 1%), bem como o aumento do número de recolhas (de cerca de 3%), o que indica uma melhoria da eficácia do sistema.
Também à semelhança dos anos anteriores, a Sogilub cumpriu todas as metas estabelecidas, atingindo taxas de 107% (29.242 toneladas) na recolha, 80% na regeneração e 100% na reciclagem.
Atingimos também os nossos objetivos referentes às rubricas de “Sensibilização, Comunicação & Educação” e “Investigação & Desenvolvimento”, concretizando projetos inovadores que influenciem comportamentos, que transmitam que a Sogilub é a solução para os óleos lubrificantes usados em Portugal, e que potenciem uma otimização na gestão deste resíduo perigoso e um maior conhecimento sobre o mesmo. No que respeita à rede de receção de óleo lubrificante usado proveniente de consumidores particulares, que designamos como rede DIY (Do It Yourself), contamos agora uma maior cobertura geográfica, com 275 pontos de receção, fruto das contratualizações de novos SGRU (Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos).
A estimativa para 2023 é que seja o ano de reequilíbrio dos excedentes financeiros do SIGOU. A economia mundial deverá, de acordo com as previsões da OCDE, crescer ao ritmo mais baixo desde a crise financeira de 2008. Considerando que o aumento das taxas de juro continuará na Europa, existindo a manutenção evidente dos riscos geopolíticos, que terá consequências no aumento do potencial de recessão na zona euro, é expectável que a economia portuguesa fique no limiar desta tendência, sendo para isso fundamental uma eficaz aplicação dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência e que o setor energético se reajuste ao nível do pré-guerra, sendo que haverá certamente inflação, mas a uma escala menos elevada que em 2022.
Pela parte da Sogilub, continuarão a ser respeitados os seus compromissos para com: o meio ambiente, a eficiência, a representatividade, o conhecimento e a sociedade. Assumimo-nos como um interveniente ativo, resiliente e com um papel positivo, focado no bem-estar das pessoas, por meio de um comportamento ético e transparente, promovendo e participando em iniciativas que visam a melhoria das condições de vida dos nossos colaboradores, parceiros e outras partes interessadas, bem como da comunidade em que nos inserimos.