O impulso da União Europeia (UE) para a neutralidade do carbono tem vindo a estimular inovações em produtos químicos renováveis de base biológica. Este movimento é justificado pelo acordo que obriga legalmente cada Estado-membro a atingir zero emissões líquidas até 2050. Esta decisão irá obrigar a uma restruturação significativa nos mais diversos sectores económicos, desde os transportes até à indústria pesada, afigurando-se a necessidade de investimentos significativos, na ordem de biliões de euros por ano.
Apesar da meta ambiciosa traçada para 2050, os representantes de cada Estado-membro, consideram que a UE deve traçar ainda uma meta para o corte de emissões até 2040, no entanto deixaram o tópico mais sensível para os líderes europeus decidirem em dezembro: uma nova meta para o corte de emissões até 2030.
Perante estas imposições, na próxima década, a procura na UE por produtos sustentáveis de base biológica vai pressionar a oferta, aumentar os preços e a procura de inovações. Vários fabricantes de veículos (incluindo a General Motors, Jaguar, Land Rover, Volvo e Ford) anunciaram metas de produção para veículos elétricos e comprometeram-se a ser neutras em carbono até 2040. Estas metas podem afetar as políticas dos fabricantes dos equipamentos originais em relação ao uso de lubrificantes tradicionais, fluídos de processamento e fluídos de corte produzidos a partir de matérias-primas não renováveis.
Até ao momento, não havia incentivo para os clientes pagarem mais por uma alternativa de base biológica em vez de um produto de base fóssil com um custo inferior. Com a mudança de paradigma, é expectável a introdução no mercado de produtos inovadores sustentáveis e bio-renováveis durante a próxima década, principalmente de lubrificantes, graxas e fluídos de corte.
Várias empresas já começaram a atuar no sentido de caminhar para a neutralidade carbónica com a formulação de novos aditivos como o preparado a partir de óleo de mamona, que apresentou resultados promissores em testes de compressão por torção. Estes aditivos são biodegradáveis, não bioacumuláveis e não tóxicos, para além de serem inodoros e, aparentemente, não causarem irritação dérmica ou alergias. Atualmente, estes produtos podem ser usados em óleo puro, óleo solúvel, fluídos de corte semissintéticos e sintéticos.
Outra tecnologia que está a ser utilizada por alguns produtores de óleos lubrificantes é um processo semelhante ao fenómeno natural dos relâmpagos, que pretende modificar a estrutura química de óleos vegetais que serão usados como aditivos lubrificantes. O processo consiste numa descarga eletrostática que ocorre quando as moléculas na atmosfera formam um plasma, um gás extremamente quente de iões e eletrões livres que transportam corrente elétrica. Este processo de volatilização é responsável pelo uso deliberado de descargas elétricas para modificar moléculas orgânicas.
O plasma obtido do processo de volatilização pode ter efeitos diferentes, dependendo da escolha do óleo, do gás de plasma e dos parâmetros de processamento. O plasma pode hidrogenar, adicionar hidrogénio ou converter ligações duplas de carbono em ligações simples mais estáveis. Estes métodos podem melhorar a estabilidade térmica e a oxidação do óleo. Da mesma forma, o plasma pode adicionar um grupo funcional que altera a capacidade das moléculas de óleo de se adsorverem ao metal e reduzir o atrito e o desgaste.
Estes avanços tecnológicos podem fornecer muitas opções para a produção de uma ampla gama de aditivos de base biológica renováveis e sustentáveis para uso futuro em óleos lubrificantes.
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