Há muito que a indústria automóvel, bem como todas as que lhe estão associadas, têm vindo a demonstrar o seu compromisso em reduzir o impacto ambiental, tanto no que diz respeito à produção, como à utilização dos veículos, o que tem sido possível devido a fortes investimentos em investigação e desenvolvimento, que segundo a ACEA se situam nos 53,8 mil milhões de Euros por ano, e que são essenciais para a inovação e para a criação de soluções viáveis e custo eficientes.
É necessário portanto um novo modelo de organização industrial, mais eficiente, capaz de dissociar o crescimento e a prosperidade, do aumento crescente do consumo de recursos.
Uma das soluções evidentes para reduzir o impacto no meio ambiente, é abraçar a economia circular, e uma condição “sine qua non” para atingir este paradigma, reside no reaproveitamento contínuo dos resíduos, utilizando-os como novos recursos.
Podemos portanto dizer que uma ‘economia circular’ é uma abordagem que altera o papel dos recursos na economia, onde os resíduos se tornam em matéria prima valiosa, o que proporciona igualmente grandes oportunidades de negócio, tendo em consideração a tendência de subida de preço das matérias primas e a sua volatilidade.
Os fabricantes de automóveis e dos seus inúmeros componentes contribuem activamente para a utilização eficiente dos recursos, reciclando ferro, aço, alumínio, incluindo motores e caixas de engrenagens, catalisadores, fibras de carbono, borracha, baterias, filtros, lubrificantes, etc. Na prática, e segundo dados da ACEA, a utilização de componentes reciclados reduz até 80% o consumo de energia durante o processo de fabrico, quando comparado com a utilização de peças novas, requerendo 88% menos água e 90% menos produtos químicos, e reduzindo o desperdício geral nuns expressivos 70%.
Também o prolongamento da vida útil dos veículos e dos seus componentes, como é o caso dos óleos lubrificantes indispensáveis ao seu funcionamento, contribuem para a Economia Circular, e é essencial na redução de custos para os consumidores, e para a conservação dos recursos naturais e de energia.
Para além dos projectos liderados pelos fabricantes de automóveis e dos seus componentes, também algumas iniciativas legislativas, como a Directiva de Veículos em Fim de Vida, que estabelece uma meta de 95% de reciclagem por veículo por ano, têm promovido a produção sustentável.
Se considerarmos que todos os anos, 12 milhões de veículos são retirados das estradas na União Europeia, será fácil compreender a importância dos 8 a 9 milhões de toneladas de recursos valiosos que daí se obtêm.
Os óleos lubrificantes, como “peças móveis” indispensáveis ao funcionamento dos sistemas mecânicos, nomeadamente dos automóveis com motores de combustão interna, são um bom exemplo do que acabou de ser dito.
Por um lado, o seu extraordinário desenvolvimento tecnológico tem permitido, para além das suas funções base (reduzir o atrito e o desgaste entre as superfícies em movimento relativo, arrefecer, vedar, proteger contra a corrosão e limpar), uma significativa contribuição para a protecção do ambiente, para a redução do consumo de combustível e para o aumento da longevidade dos equipamentos.
De referir a este propósito que o alargamento do período de utilização dos lubrificantes, devido às suas cada vez melhores propriedades e a motores e equipamentos cada vez mais eficientes, implicaram uma diminuição do seu consumo.
Nos países desenvolvidos, é sem dúvida o sector automóvel o responsável pela maior fatia do consumo de lubrificantes. Porém, também esta percentagem do consumo tem vindo a descer progressivamente. Outro indicador interessante é o rácio entre o consumo de óleo de motor e o consumo de combustível. Tomando como exemplo a União Europeia, constata-se que este índice decresceu dois terços nos últimos 30 anos. Tendo em conta que os consumos de combustível dos actuais motores são muito inferiores, é fácil concluir que o consumo de lubrificantes diminuiu numa proporção muito maior.
Ainda mais interessante é verificarmos que, tomando novamente como exemplo a União Europeia, notamos um crescimento contínuo do parque automóvel e uma redução contínua do consumo de lubrificantes. Isto deve-se, sem dúvida, às características extraordinárias dos actuais lubrificantes para motor, cujo desenvolvimento tecnológico, como já referimos, tem sido absolutamente notável, permitindo a sua utilização por períodos muito mais alargados e, consumindo-se menos.
Outro ponto importante relativo ao seu contributo para a Economia Circular, é a possibilidade dos óleos lubrificantes usados serem recolhidos e tratados, dando origem a óleos base que, por sua vez, darão origem a novos lubrificantes.
De referir a este respeito que em 2019, A Sogilub recolheu mais de 28.000 t de óleos lubrificantes usados, tendo sido valorizadas mais de 25.500 t, das quais foram regeneradas cerca de 21.000 t.
Desde 2005 que a Sogilub dá cumprimento às obrigações vigentes em matéria de gestão de óleos lubrificantes usados, não só facilitando a obediência das obrigações legais e ambientais por parte das empresas produtoras e dos agentes económicos implicados, mas também contribuindo de forma efectiva para a Economia Circular, o que na prática se traduziu na regeneração de mais de 168 mil toneladas de óleos lubrificantes usados, que permitiram disponibilizar mais de 112 mil toneladas de óleos base para formulação de novos lubrificantes.
Por isso nós continuamos a dizer: “porque o óleo tem mais vidas”.