Comunicações Científicas

Management of waste lubricant oil in Europe: A circular economy approach

Junho 2020 | Pinheiro, C. T., Quina, M. J., Gando-Ferreira, L. M.| Critical Reviews in Environmental Science and Technology, pp 1–36

Este estudo, promovido pela SOGILUB – Sociedade de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda., vem apresentar uma visão geral sobre as práticas de gestão de óleos usados na Europa. São abordados cinco tópicos principais, sendo eles:

  • As caraterísticas físico-químicas dos óleos lubrificantes virgens e usados;
  • Os impactes dos óleos usados no ambiente e na saúde humana;
  • Uma abordagem à gestão de óleos usados baseada na economia circular;
  • Análise de ciclo de vida (ACV) às diferentes estratégias de gestão de óleos usados;
  • Desenvolvimentos futuros e preocupações em relação ao processo de regeneração de óleos usados.

Os óleos lubrificantes virgens são uma mistura de óleos base e aditivos, que permitem alterar as propriedades do óleo de forma a melhor se adequarem à utilização desejada. Os óleos de base são óleos obtidos através da refinação de óleos de base minerais ou sintéticos. Os lubrificantes à base de óleos minerais são largamente utilizados devido ao seu baixo custo, elevada disponibilidade e desempenho aceitável. Os lubrificantes sintéticos apresentam estruturas moleculares bem definidas o que lhes confere propriedades mecânicas e químicas superiores aos óleos minerais tradicionais. Independentemente da sua origem, tanto os óleos minerais como os sintéticos estão sujeitos a degradação e contaminação através do seu uso. No entanto, as caraterísticas do óleo de base, o processo de refinação utilizado, os aditivos adicionados, entre outros fatores, têm uma elevada influência no seu processo de degradação.

Segundo a Lista Europeia de Resíduos (LER), todos os resíduos de óleos usados são considerados resíduos perigosos, sendo que os mais elevados níveis de perigosidade se encontram na sua toxicidade, no seu potencial carcinogénico e na sua ecotoxicidade. Em alternativa e aliadas ao facto de a maioria dos óleos minerais e sintéticos não serem facilmente biodegradáveis, começaram a surgir novos tipos de óleos base que não sejam tóxicos e sejam biodegradáveis, como os óleos vegetais.

Seguindo a abordagem da UE em fomentar a economia circular, é necessário considerar todos os passos do ciclo de vida dos óleos lubrificantes de modo a otimizar o seu tempo de vida. Segundo a Diretiva (UE) 2018/851, relativa aos resíduos:

  • Os óleos usados devem ser recolhidos seletivamente, a não ser que seja tecnicamente impossível;
  • Os óleos usados devem ser tratados, priorizando-se a regeneração a outras operações de reciclagem;
  • Os óleos usados de diferentes categorias não devem ser misturados, nem com outros tipos de resíduos, caso a mistura condicione a regeneração ou outro processo de reciclagem.

Relativamente aos processos de tratamento dos óleos usados, os indicadores de gestão da UE remetem para uma enorme tendência para a reciclagem de óleos usados, havendo, todavia, competição entre reciclagem através de regeneração para a produção de óleos base e processamento para valorização energética. As normas europeias afirmam que deve ser dada prioridade ao método de recuperação que apresente melhores resultados ambientais, no entanto, os estudos de ACV considerados, não são unânimes no que diz respeito a qual das opções é a mais viável do ponto de vista ambiental, uma vez que fatores como o consumo de energia, a distância às instalações de tratamento, custos operacionais e qualidade dos produtos têm uma elevada influência na escolha. Apesar de as análises ao ciclo de vida existentes mostrarem que a regeneração de óleos usados reduz significativamente os impactes ambientais, quando comparada com a produção de óleos base virgens, o mesmo não é possível afirmar quando comparando com outros métodos de recuperação de óleos usados. Grande parte dos estudos considerados não são conclusivos relativamente à melhor opção de recuperação de óleos usados a ser aplicada, pela diversidade de fatores adjacentes aos processos de reciclagem e regeneração, entre outros. Apesar disso, é notável que a recolha de óleos usados é essencial para reduzir os impactes ambientais do uso de óleos base, sendo posteriormente necessário selecionar o processo de recuperação consoante o contexto em que o valorizador está inserido.

https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/10643389.2020.1771887


 

Environmentally friendly manufacturing: Behavior analysis of minimum quantity of lubricant – MQL in grinding process
Maio 2020 | Silva, L. R., Corrêa, E. C. S., Brandão, J. R., Ávila, R. F. | Journal of Cleaner Production, Volume 256

Os fluídos de corte tradicionalmente utilizados em processos de maquinagem representam um elevado risco ambiental. Para além disso, a eliminação ou reciclagem dos mesmos são processos dispendiosos e as contaminações nas proximidades dos equipamentos que os utilizam podem constituir riscos para a saúde dos operadores.

Sendo os processos de maquinagem processos com inúmeros parâmetros variáveis, os autores deste estudo consideram que não é dada a devida atenção ao modo de aplicação e à quantidade utilizada dos fluídos de corte. Neste sentido, o estudo visa explorar o conceito de Quantidade Mínima de Lubrificante (QML) no processo de maquinagem. O objetivo do estudo é analisar o comportamento do sistema QML, desenvolvendo uma metodologia de otimização da utilização de fluído através de um bocal especial, através do qual uma quantidade mínima de óleo vegetal é pulverizado para uma corrente de ar comprimido. O fluído de corte utilizado é biodegradável, não carcinogénico, sendo classificado como inofensivo para a saúde.

O desempenho do sistema QML foi comparado com o método de arrefecimento convencional no processo de retificação cilíndrica de aço AISI 4340 endurecido [50 – 52 HRC (escala de dureza de Rockwell)] A aplicação dos diferentes sistemas de arrefecimento foi avaliada com base na análise da integridade da superfície (rugosidade, microestrutura e microdureza) e do desgaste diametral da roda de trituração. Os resultados mostraram que o método e quantidade de fluído lubrificante, e de arrefecimento, são fatores que influenciam significativamente os processos de maquinagem.

Concluiu-se também que o sistema QML apresenta resultados semelhantes ao método convencional e, portanto, pode ser utilizado a nível industrial, permitindo uma redução acentuada nas despesas com o descarte de fluído lubrificante, contribuindo também para um aumento do desempenho ambiental.

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0959652613000383


 

Environmental significance of lubricant oil: A systematic study of photooxidation and its consequences
Janeiro 2020 | Shankar, R., Jung, J., Loh, A., Na, J. G., Há, S. Y., Yim, U.H. | Water Research, volume 168

As descargas de óleo lubrificante proveniente dos navios têm sido cada vez mais contempladas como poluidoras, após terem sido consideradas como “operações normais” durante vários anos. Os óleos lubrificantes, ao serem descarregados livremente para os meios aquáticos, podem apresentar vários impactes ambientais. Como tal, o presente estudo propôs-se a investigar qual o destino dos lubrificantes sujeitos a foto-oxidação.

Foram aplicados vários testes, segundo uma abordagem hierarquizada, sendo eles cromatografia em camada delgada com detetor de ionização de chama (CCD–FID), espetroscopia de infravermelhos por transformada de Fourier (FTIR) e cromatografia gasosa – espectrometria de massa (CG–MS). Os testes aplicados revelaram alterações na composição do óleo lubrificante e da fração solúvel em água (WSF).

As concentrações de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos totais (PAHs) nos óleos lubrificantes após 96 horas eram de 79,8 µg/g no grupo de controlo (Con) e de 41 µg/g no grupo de exposição (Exp). Já na WSF a concentração era mais baixa, com 0,25 e 0,45 µg/g nos grupos Con e Exp respetivamente. Os testes FTIR e CG–MS permitiram detetar alterações nas ligações e formação de uma gama variada de foto-produtos na WSF.

A toxicidade dos grupos Con e Exp de WSF após 96 horas de foto-oxidação foi avaliada através da exposição de embriões de alabote (Paralichthys olivaceus). Foram detetados diversos defeitos morfológicos nos embriões de ambos os grupos, especialmente na barbatana caudal.

Este estudo concluiu que as descargas de óleos lubrificantes apresentam riscos ambientais para a vida marinha e que a degradação destes óleos em ambientes aquáticos carece de mais estudos, especialmente acompanhamentos por longos períodos temporais.

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0043135419309571