Indo ao encontro da ambição da União Europeia de ser neutra em termos climáticos até 2050, a indústria de refinação europeia, que apoia e partilha esta ambição, apresentou em 15 de Junho uma via possível para a alcançar.
Em termos concretos, e com base no conhecimento tecnológico actual e na estimativa de custos, a via possível apresentada, passa por desenvolver combustíveis líquidos de baixo carbono (LCLF2 – Low Carbon Liquid Fuels) para o transporte rodoviário, marítimo e aéreo, até 2050. Para concretizar este percurso, será necessário um investimento estimado entre 400 e 650 mil milhões de euros. Outros avultados investimentos, poderão começar nos próximos anos, possivelmente com as primeiras unidades à escala industrial a iniciar a produção o mais tardar até 2025. 1 Este percurso baseia-se no cenário da Comissão “Clean Planet for All 1.5 Tech”. Combustíveis líquidos com baixo teor de carbono são combustíveis líquidos sustentáveis de origem não petrolífera, com nenhuma ou muito limitada emissão de CO2 durante a sua produção e utilização, em comparação com combustíveis fósseis. A via traçada para os LCLF mostra como uma redução de 100 Mt CO2 / ano pode ser concretizada nos transportes até 2035, e como poderia contribuir para a neutralidade das emissões da UE em 2050. Os LCLF desempenharão um papel crítico na transição energética e na obtenção da neutralidade carbónica em todos os meios de transporte, pois a procura global por combustíveis líquidos acessíveis deverá aumentar para lá de 2040. Em paralelo com a electrificação, os LCLF continuarão a ser essenciais para além de 2050, trazendo benefícios importantes para a economia e a sociedade Europeias.
A via apresentada, exigirá um investimento estimado de € 30 a € 40 mil milhões nos próximos dez anos e a criação de várias unidades de produção de biocombustíveis e de e-combustíveis, que poderiam produzir até 30 MToe no mesmo período, com as primeiras unidades de “biomass-to-liquid” e de “e-combustíveis” a começarem a operar o mais tardar em 2025. Até 2050, a disponibilização de 150 Mt de LCLF reduziria 425 Mt CO2 / ano, o que corresponde a 90% das emissões do transporte rodoviário e a 50% do transporte aéreo e marítimo. Adicionando a Captura e Sequestro de Carbono (Carbon Capture Storage – CCS), e a captura de emissões na produção de biocombustíveis, o transporte rodoviário atinge a completa descarbonização.
Os LCLF incluem biocombustíveis da primeira geração sustentáveis, biocombustíveis avançados, biomass-to-liquid, hidrogenação de óleos vegetais/desperdícios e resíduos, e e-combustíveis, para substituir o CO2 fóssil por CO2 biogénico ou reciclado, bem como a aplicação de CCS e de hidrogénio verde em refinarias, para reduzir a pegada de carbono na fabricação de combustíveis.
Segundo a FuelsEurope, a via apresentada, através da utilização de LCLF, suavizará o custo de implantação na rede de distribuição de energia eléctrica e da infraestrutura de carregamento rápido no transporte rodoviário, fornecendo flexibilidade e fontes alternativas de energia de baixo carbono, usando essencialmente a infraestrutura existente, proporcionará aos clientes uma possibilidade de escolha entre tecnologias de baixo carbono, garantindo que a neutralidade carbónica seja acessível a todos, pois os LCLF, no futuro próximo, fornecerão uma solução de baixo custo em comparação com as alternativas, permitirá garantir a segurança estratégica de abastecimento, através das reservas típicas de 90 dias de abastecimento de energia armazenados nas instalações europeias, uma vez que esses combustíveis podem ser armazenados exactamente da mesma maneira que os combustíveis fósseis, e ajudará também a manter a robustez industrial europeia e o emprego no sector automóvel.
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