A Federação Europeia de Transporte e Ambiente (T&E) publicou no início de outubro um relatório que apresenta os dados relativos às vendas de veículos elétricos e das emissões de CO2, respeitantes ao primeiro semestre de 2020.
A entrada em vigor, em janeiro de 2020, de regras europeias que impõem aos automóveis novos vendidos na UE um limite nas emissões de 95 gCO2/km, levou a que as vendas de carros elétricos (contabilizando veículos 100% elétricos e híbridos plug-in) disparassem, atingindo 8% de quota de mercado no primeiro semestre de 2020, mais do triplo do verificado em período homólogo de 2019.
O facto de países como a França e a Alemanha terem disponibilizado incentivos no período pós-Covid para a compra de veículos deste tipo, permitiu que estes atingissem uma quota de mercado de 10%. Isto levou a que as emissões médias de CO2 dos automóveis novos vendidos na Europa baixasse significativamente, de 122 gCO2/km em 2019 para 111 gCO2/km na primeira metade de 2020. Esta foi a descida mais significativa desde que os regulamentos foram criados em 2008.
No que se refere ao desempenho de CO₂ dos veículos de passageiros vendidos durante o primeiro semestre de 2020, o relatório refere que a maioria dos países está entre os 100 gCO2/km e 120 gCO2/km. O pódio é preenchido pela Noruega, que registou emissões de CO₂ de 47 gCO2/km, seguindo-se a França e Portugal, com 98 e 99 gCO₂/km, respetivamente.
Quanto ao número de veículos elétricos vendidos nos últimos anos, a T&E aponta que os países com tributação favorável e boa implantação de infraestrutura de carregamento são os que apresentam resultados mais interessantes. A Noruega surge como a referência de excelência, sendo que de janeiro a junho de 2020, do total de vendas realizadas, 48% foi referente a veículos 100% elétricos e 20% de elétricos plug-in. Seguiram-se a Suécia (com 26%), a Finlândia (com 15%), a Holanda (com 13%) e Portugal (com cerca de 11%, sendo metade totalmente elétricos e outra metade de híbridos plug-in).
Esta evolução vem em linha com as previsões efetuadas por vários estudos de mercado no setor (como o da Agência Internacional de Energia, 2020), que apontam para um crescimento significativo na fatia de mercado por parte dos veículos elétricos até 2030.
Os veículos elétricos apresentam consumos de lubrificante bastante inferiores aos veículos tradicionais, fruto de não possuírem motor de combustão interna, o que reduz a procura de óleos de motor e óleo para transmissão. Outro fator importante é a tendência para os veículos serem cada vez mais leves, o que leva a uma redução na utilização de lubrificantes e anti-corrosivos.
Posto isto, é expectável que nos próximos anos se verifique um decréscimo da procura de óleos e lubrificantes novos um pouco por toda a Europa, e em particular em Portugal, fruto do crescimento do número de carros elétricos em circulação.
O estudo da T&E pode ser consultado aqui: https://www.transportenvironment.org/sites/te/files/publications/2020_10_TE_Car_CO2_report_final.pdf