Nesta edição, a Sogilub apresenta a bp/Castrol Conversámos com João Eusébio, Marketing Manager Indirect Channel Europe, que nos deu a conhecer a marca e a sua filosofia de mercado, bem como a sua opinião sobre o sector dos lubrificantes em Portugal.
Sogilub (S) – Fale-nos um pouco da bp/Castrol e da sua actividade/percurso em Portugal, principais actividades, o que vos diferencia no sector…
João Eusébio (JE) – A marca Castrol está presente no mercado português há mais de 80 anos, através da família Felix da Costa. Em 2000, a marca foi adquirida pela bp tornando-se num dos maiores operadores mundiais.
Desde então, Castrol passou a ser a marca através da qual a bp opera no segmento premium sendo claramente reconhecida pelos consumidores pela sua capacidade de inovação e pela tecnologia de ponta que oferece, adaptando os seus produtos às maiores exigências atuais de mobilidade. As nossas parcerias com as principais equipas de competição automóvel, dos rallies à Fórmula 1, também nos incentivam a estar na linha da frente da inovação, da exigência, do rigor e da qualidade. Além disso, o reconhecimento estende-se aos clientes empresariais – concessionários de marca, oficinas independentes e clientes industriais – pela sua abrangência na oferta de serviços. Nesta área, a marca tem apoiado estes clientes com ferramentas inovadoras para o desenvolvimento dos seus negócios, desde treino online, passando pelo apoio na neutralização da pegada de carbono ou dinamização do negócio através da rede de oficinas Castrol Service, com uma oferta integrada.
Ultimamente a marca tem investido fortemente no acompanhamento da transição energética e estabelecido parcerias importantes com fabricantes de veículos elétricos. Também nessa área o patrocínio com a Jaguar Racing na Fórmula E tem-nos ajudado a desenvolver os melhores produtos para este tipo de veículos.
2020 é o ano que marca o total compromisso da bp com a apresentação de um roteiro para neutralidade carbónica até 2050. Também em 2020, a bp Portugal tornou-se na primeira empresa do grupo a neutralizar as emissões de carbono dos abastecimentos dos seus clientes particulares. E ainda, a Castrol coloca o símbolo Carbon Neutral em todos os seus lubrificantes auto. A intensidade no desenvolvimento destes programas é o sinal de um caminho sem retorno para a transição energética no grupo.
S – De forma geral, considera a actividade da Sogilub importante? Porquê?
JE – Anualmente são gerados perto de 30 milhões de litros de lubrificantes usados em Portugal que necessitam de ser recolhidos e tratados, não apenas por serem considerados resíduos perigosos, mas porque através do tratamento e regeneração dos mesmos estamos a contribuir para a sustentabilidade da nossa sociedade e dos ecossistemas do planeta.
Assumindo o papel de coordenação na recolha e gestão dos resíduos de óleos usados, gerindo centenas de entidades, entre produtores, transportadores, armazenistas e operadores, num processo complexo e minucioso, a Sogilub garante que os óleos usados acabam por ser tratados, regenerados ou valorizados energeticamente.
(S) – A Sogilub e a bp têm já vários anos de colaboração. Considera importante a adesão ao SIGOU? Como vê a interacção com a Sogilub?
JE – A bp está com a Sogilub desde o seu início e temos total confiança na gestão da sociedade e no propósito da sua missão.
Para nós, produtores de óleos novos, a Sogilub representa a segurança e a garantia de que os resíduos dos lubrificantes das marcas Castrol e bp colocados no mercado, são posteriormente tratados de acordo com as normas mais rigorosas do Sistema Integrado de Gestão de Óleos Usados (SIGOU). O processo é longo e complexo e carece de especial atenção por se tratarem de resíduos considerados perigosos. Delegarmos na Sogilub esta função de gestão e coordenação com as empresas de gestão e reciclagem de óleos usados, permite-nos focar a nossa atividade em inovar e a criar produtos que contribuam também para um ambiente melhor. Por isso, a marca Castrol tem agora produtos que apresentam o selo de Carbon Neutral.
S – Como avalia a evolução do desempenho da Sogilub ao longo dos anos e qual o balanço que faz, de acordo com a experiência internacional da bp?
JE – Pela sua larga presença no mercado e a experiência acumulada ao longo dos anos, a Sogilub tem tido um papel preponderante na dinamização deste sector e tem promovido e participado em diversas iniciativas para modernizar e digitalizar os processos de recolha.
Temos assistido igualmente a uma colaboração ativa no âmbito europeu, participando ativamente em conferências e reuniões internacionais, que resultam na inovação e no desenvolvimento do sector a nível nacional.
Também o desenvolvimento de ações informativas e a definição de boas práticas de manuseamento e armazenagem de óleos usados contribuíram para a formação de todos os intervenientes nos processos do sistema integrado.
S – Do seu ponto de vista, tendo em vista o desenvolvimento tecnológico, e as novas formas de encarar a mobilidade, nomeadamente o aumento da penetração dos veículos eléctricos, que desafios futuros se colocam aos Produtores de Óleos Lubrificantes, bem como à Sogilub, enquanto entidade gestora dos óleos lubrificantes usados?
JE – Ao longo dos últimos 120 anos, a Castrol tem vindo a acompanhar, e em alguns casos a liderar, a evolução tecnológica na mobilidade, respondendo com produtos que se adaptam às mais exigentes necessidades da indústria, dos fabricantes de equipamentos agrícolas, da aviação, dos construtores de veículos ligeiros, pesados e motos e dos utilizadores finais. De facto, até nas recentes missões em Marte, o lubrificante Castrol é um elemento importante nos componentes dos diversos Rover da NASA lançados nos últimos 12 anos.
No caso dos veículos elétricos, continua a existir uma componente de lubrificantes para transmissões, massas e líquido de arrefecimento de bateria e as marcas de lubrificante estão também nesta área em projetos de co-engeneering com os fabricantes para o desenvolvimento de produtos.
É natural que as marcas de lubrificante e a própria Sogilub se adaptem às novas condições de mercado e evolução tecnológica, diversificando o seu portfólio de produtos e serviços, acompanhando essa evolução nos veículos e na forma como as cidades se transformam na mobilidade.
S – A situação, sem precedentes, que estamos a viver, está a ter um impacto enorme na atividade económica em geral, e na relacionada com o automóvel em particular. Quer comentar esse impacto e sugerir algumas medidas que pudessem ajudar a mitigar a situação?
JE – Creio que a atual pandemia e os consequentes confinamentos vieram alterar comportamentos – alguns deles já eram tendências – e reforçar algumas necessidades de adaptação do estilo de vida das populações nas grandes cidades. E mostrou que é possível gerirmos e organizarmos as nossas vidas de forma diferente. A massificação do teletrabalho é talvez um ponto sem retorno. Muitos de nós não voltaremos ao escritório, porque ficou provado que podemos trabalhar de casa. Não discuto os benefícios e as desvantagens mas é um facto que a maioria das empresas, grandes ou pequenas, vão alterar o seu modelo de gestão de recursos, de espaço e de trabalho em equipa para acomodar esta nova realidade.
Este novo paradigma terá impacto no número de deslocações, na decisão de utilização de carro próprio ou partilhado, na remodelação da rede de transportes públicos, no surgimento de novos modelos de mobilidade. E com um resultado benéfico na redução de emissão de CO2, de poluição sonora e, arrisco dizer, nos níveis de stress da população em geral. É preciso que nos saibamos adaptar e não cair no risco elevado de sedentarismo.
Todos nós, gestores e empresários, teremos de ler e antecipar estes impactos e tendências e adaptar o modelo de negócio para incorporar as novas necessidades da sociedade. Todas os grandes construtores de automóveis e empresas energéticas estão a colaborar com os Governos e Municípios das grandes cidades para perceber e trabalhar em conjunto nestas novas tendências de mobilidade e criar soluções que mantenham a eficiência dos transportes, mas promovendo uma economia mais limpa.
Na realidade, são estes grandes desafios da Humanidade que têm gerado maiores desenvolvimentos tecnológicos.
S – A bp/Castrol incorpora óleos usados no seu processo de fabrico de lubrificantes?
JE – Nos Estados Unidos já o estamos a fazer e a experiência tem sido positiva. Estamos a desenvolver testes de produção em dois países na Europa, porque acreditamos nesse caminho, mas queremos garantir que a utilização de óleos usados na produção é compatível com a tecnologia que utilizamos no desenvolvimento dos nossos produtos de alta performance.
Mas não consideramos que a nossa responsabilidade termine na utilização de óleos usados no fabrico dos nossos lubrificantes. A bp tem um claro objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050, ou mais cedo, e estamos a assistir à maior transformação na história da empresa, com a sustentabilidade como mote principal. Nos lubrificantes acompanhamos esta visão e estamos a desenvolver projetos importantes na área das operações, embalagem, distribuição, matérias-primas e apoio a projetos de neutralidade carbónica.
S – A marca Castrol é muito conhecida mundialmente devido à sua participação no desporto automóvel. Isso é importante para a comercialização de lubrificantes?
JE – É verdade que a marca Castrol está, desde sempre e de forma indelével, associada ao desporto automóvel. Para 2021 temos já confirmadas as parcerias com a M-Sport Ford WRC, LCR Honda Castrol MotoGP, a Alpine F1 (anteriormente, Renault Sport F1) e Jaguar Racing Formula E. E esperamos assinar mais três contratos brevemente.
O desporto automóvel é um campo de desenvolvimento e teste de performance da tecnologia utilizada na produção dos nossos lubrificantes. Para mantermos o nível de inovação que temos vindo a desenvolver, temos de estar muito próximos dos centros onde se produz a necessidade de desenvolvimento sob medidas extremas. O nosso produto Castrol EDGE tem beneficiado enormemente destas pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos.
Para além disso, estamos também mais perto dos nossos consumidores finais, dos mecânicos, dos pilotos, aqueles que têm a mesma paixão que nós temos pelo desporto automóvel, pela engenharia de precisão e pela performance sob condições extremas.