ENTREVISTA – Laboratórios do SIGOU: a importância do controlo analítico

Nesta edição fomos procurar conhecer um pouco melhor o que fazem e como funcionam os Laboratórios que têm a responsabilidade de garantir o controlo analítico no SIGOU. Falámos com o Eng. Pedro Vieira, diretor do Consórcio GOU, que assegura a recolha, o transporte e o pré-tratamento em Portugal continental, que nos explicou o que fazem os laboratórios, bem como a importância do controlo analítico para o SIGOU.

 

Sogilub (S): Qual a opinião sobre a importância do Controlo analítico para o SIGOU?

Laboratórios (L): O controlo analítico é uma peça chave e diferenciadora do SIGOU. Abrange todo o processo de gestão dos óleos usados, desde a recolha nas instalações do produtor onde é sempre recolhida uma amostra representativa do óleo recolhido, até ao envio do óleo para destino final. Permite identificar e rastrear até à origem contaminações do óleo usado, contribuindo assim de forma decisiva para o aumento taxa de regeneração e eficiência do sistema, permitindo a adoção de soluções de tratamento económica e ambientalmente mais vantajosas. Podemos dizer que o controlo analítico é um elemento crucial para a circularidade do óleo usado, na medida em que contribui para o aumento da quantidade de óleo que é regenerado.

 

S:  Qual o processo e as rotinas do controlo analítico diário nos óleos usados?

L: O controlo analítico dos óleos começa com a chegada da viatura às instalações e a recolha de uma amostra representativa ao óleo da cisterna (amostra tipo B). No laboratório efetuam-se os ensaios necessários para proceder à descarga e caracterização do óleo usado. Se algum dos parâmetros estiver fora de especificações técnicas, procede-se à amostragem de cada tanque individualmente e faz-se nova caracterização, com o objetivo de maximizar a quantidade de óleo enviado para tratamento. Na sequência destas análises, caso exista algum parâmetro fora das especificações técnicas, inicia-se o processo de rastreabilidade, que consiste na realização de análises às amostras recolhidas em cada produtor (amostra tipo A), até identificação do PROU que entregou o óleo fora das especificações. Diariamente, são também analisadas as amostras ao óleo tratado expedido para os destinos finais (amostras tipo C), de modo a garantir que todo o óleo tratado é expedido dentro das especificações técnicas. Também diariamente faz-se o controlo do processo de tratamento de acordo com as necessidades do mesmo. Caso existam, também se analisam as amostras de caracterização dos novos produtores, e as amostras prévias, que em casos de histórico de contaminações, são recolhidas antes da recolha do óleo. Trata-se de um processo minucioso e complexo, que assegura total controlo das caraterísticas técnicas dos óleos que entram e saem do sistema.

 

S: Quais as principais dificuldades presentes e desafios futuros?

L: A maior dificuldade é a identificação de contaminantes, de natureza química diferente dos óleos usados, com os ensaios que efetuamos. A constante evolução técnica a que o óleo lubrificante tem estado sujeito, conduz ao surgimento de novas substâncias e aditivos na formulação dos lubrificantes, como silicones e afins. Estas novas substâncias exigem aos laboratórios a implementação de novos métodos analíticos e o investimento em novas tecnologias. Em termos de desafios futuros para os laboratórios, julgamos que além da capacidade de adaptação a normas e regulamentações aplicáveis, passarão também pela implementação de novas tecnologias que permitam detetar as contaminações indesejáveis de uma forma mais célere, precisa e robusta.

 

S: Algumas estatísticas: Quantos laboratórios, número anual de análises…?

L: Atualmente são 5 os laboratórios que asseguram o controlo analítico dos óleos usados do SIGOU. Estão geograficamente dispersos entre Vila do Conde e Setúbal. Anualmente são realizadas cerca de 6.500 análises aos óleos lubrificantes, considerando todas as diferentes tipologias de amostra referenciadas anteriormente.

 

S: Qual a importância das certificações dos laboratórios e da atual acreditação dos mesmos?

L: A acreditação do laboratório consiste na avaliação da sua competência por uma entidade externa e independente, reconhecida nacional e internacionalmente. No caso português a avaliação é realizada pelo IPAC (Instituto Português de Acreditação). Para além de um sistema de gestão credível, exige a competência técnica necessária à garantia da qualidade e fiabilidade dos resultados obtidos. A garantia de qualidade e fiabilidade dos resultados, são conseguidas pela existência de pessoal competente, instalações e equipamentos adequados. Atendendo ao estado de grande maturidade do processo de controlo analítico dos óleos usados, encaramos a acreditação dos laboratórios como mais um passo do processo de evolução e de melhoria contínua. Para o SIGOU, a acreditação dos laboratórios aumenta de modo significativo a credibilidade do sistema de controlo analítico dos óleos usados.