Atualmente, a necessidade de considerar os riscos e impactes climáticos é premente, nomeadamente devido à evolução do panorama legal e normativo, assim como da consciencialização crescente por parte dos consumidores. Por conseguinte, tem aumentado a pressão sobre as empresas de atenderem e apresentarem melhorias ambientais cada vez mais significativas nos seus produtos e serviços.
A indústria dos óleos lubrificantes está também incluída neste contexto, ainda para mais considerando o seu importante papel na cadeia de valor de outras indústrias relevantes, como é o caso da indústria automóvel. Neste sentido, os fabricantes de óleos lubrificantes têm procurado opções de fabrico que sejam ambientalmente mais favoráveis, considerando todo o ciclo de vida dos produtos, sem descurar a maximização da performance destes produtos.
Neste contexto, a avaliação de desempenho ambiental oferece variada e útil informação sobre as características e aspetos de melhoria associados às dimensões do produto em análise, podendo ser aplicada a todo o tipo de produtos, inclusive aos óleos lubrificantes. No âmbito deste tipo de avaliação, incluem-se as metodologias de avaliação de ciclo de vida, o cálculo da pegada de carbono e a impressão digital de carbono.
A avaliação de ciclo de vida (ACV) é utilizada no seio da indústria lubrificante para avaliar a sustentabilidade e impactes ambientais associados às atividades de toda a cadeia de valor dos óleos lubrificantes, considerando fatores como as emissões de gases de efeito estufa, o consumo de energia e de água, entre outros parâmetros. No caso da pegada de carbono (“carbon footprint”) esta transmite o impacte ambiental das operações associadas a um produto comercializado por uma empresa, medido na respetiva emissão de CO2. Por outro lado, a impressão digital de carbono (“carbon handprint”) de uma empresa representa os impactes positivos decorrentes da utilização final de um produto. Por exemplo, um óleo lubrificante de qualidade, utilizado de forma eficiente num motor de combustão interna, pode fomentar a emissão de menos emissões e o consumo de menor quantidade de combustível. Nesse sentido, uma empresa de óleos lubrificantes pode maximizar a sua impressão digital providenciando produtos e serviços que se alinhem ou superem os objetivos de sustentabilidade dos consumidores, por exemplo, assegurando que os utilizadores finais os utilizam da forma correta e eficiente [1]; [2].
Embora as práticas de avaliação de desempenho ambiental sejam já muito frequentes na indústria dos óleos lubrificantes, as suas métricas são ainda pouco expressivas e não universais, tornando difícil a comparação entre produtos e fornecedores. Para contornar esta situação, recentemente, a União da Indústria Europeia de Lubrificantes (UEIL) e a Associação Técnica da Indústria Europeia de Lubrificantes (ATIEL) iniciaram uma parceria para desenvolver uma metodologia de cálculo e reporte da pegada de carbono de lubrificantes na União Europeia, com o intuito de conferir uma maior transparência e consistência ao processo de avaliação ambiental deste tipo de produtos. O grupo de trabalho criado pretende desenvolver um standard que permita aferir a pegada de carbono do produto numa lógica cradle-to-gate, ou seja, aferir o impacte de carbono do produto, desde o momento em que ele é produzido, até ao momento em que é comercializado [3]; [4].
Este projeto realça assim a importância que a avaliação de desempenho ambiental tem para a indústria dos óleos lubrificantes e indústrias inerentes. Os trabalhos para o desenvolvimento desta metodologia encontram-se a decorrer, sendo esperado que o resultado seja publicado no segundo semestre de 2023.
Referências:
[1] Lubes’N’Greases (2022). Why Base Oils Matter for Greater Lubricant Sustainability. Consultado em abril 2023:https://www.lubesngreases.com/magazine/28_11/why-base-oils-matter-for-greater-lubricant-sustainability/
[2] Lubes’N’Greases (2023). ATIEL, UEIL Roll Out Carbon Footprint Methodology. Consultado em abril 2023: https://www.lubesngreases.com/sustainability/su-article/atiel-ueil-roll-out-carbon-footprint-methodology/
[3] UEIL (2023). Product Carbon Footprint Working Group for the Lubricants Industry. Consultado em abril 2023: https://www.ueil.org/product-carbon-footprint-working-group-for-the-lubricants-industry/
[4] ATIEL (2023). Product Carbon Footprint Working Group for the Lubricants Industry. Consultado em abril 2023: https://atiel.eu/wp-content/uploads/2023/03/UEIL-ATIEL-PCF-WG-Update-23032023.pdf