Na edição de abertura do ano de 2023, fomos conhecer a MCoutinho, um Grupo com mais de 65 anos de experiência no retalho automóvel, com um posicionamento marcadamente vocacionado para proporcionar a melhor experiência automóvel e criar valor ao Cliente.
Aderente à Sogilub como produtor de óleos novos (PrON) e, simultaneamente, como produtor de óleos usados (PrOU), o grupo MCoutinho apresenta uma experiência mais alargada do SIGOU como um todo, que gentilmente aceitou partilhar connosco.
Fernando Sousa – Diretor de Após Venda e Raquel Pinheiro – Responsável de Gestão Ambiental
Sogilub (S) – Fale-nos um pouco do Grupo MCoutinho e da sua atividade: percurso em Portugal, principais atividades, o que vos diferencia no sector…
MCoutinho (MC) – O Grupo MCoutinho conta com mais de 65 anos de experiência no retalho automóvel em Portugal e desenvolve a sua atividade com um portefólio de mais de 20 marcas de automóveis novos. Opera com uma oferta de serviços alargada a todos os segmentos de negócio, designadamente a prestação de serviços após-venda e colisão, a distribuição de peças, negócio onde assume a liderança nacional de vendas, e, mais recentemente um novo negócio na área da mobilidade através da marca Greenmotion. O Grupo conta com uma forte implantação geográfica, designadamente nos Distritos de Bragança, Vila Real, Porto, Aveiro, Coimbra, Viseu, Leiria e Lisboa. Os valores – Sustentabilidade, Humanismo, Excelência e Confiança – pautam a nossa atuação no sector, no relacionamento com os seus Clientes, Colaboradores e com todos os parceiros de negócio. O Grupo ambiciona posicionar-se como a melhor oferta de marcas e serviços automóveis, assegurando uma “experiência de Cliente única” desígnio que assume a própria missão estratégica do Grupo. Tendo clara essa missão, ambicionamos a cada momento contribuir para a avaliação adequada do perfil do Cliente e das suas necessidades, para que possamos contribuir com as melhores soluções. A nossa característica diferenciadora é a abertura à inovação, tendo o Grupo ao longo dos anos desenvolvido vários projetos que traduzem esse compromisso estratégico, sempre com o objetivo de proporcionar a melhor experiência automóvel e criar valor ao Cliente.
S – Como caracteriza o mercado dos lubrificantes em Portugal, de uma forma geral, e no vosso canal de distribuição? Quais as principais oportunidades e desafios?
MC – É um mercado muito concorrencial com muitas marcas de pequena dimensão que se destacam apenas pelo baixo preço dos seus produtos, sem garantias de qualidade e muitas vezes não homologadas pelos construtores. Temos também dúvidas sobre as homologações que alguns produtos dizem ter, devido à escassa fiscalização a este nível. O consumo é de uma forma geral ainda muito focado em dois ou três produtos, sabendo que o mercado oferece uma ampla gama de produtos face ao desenvolvimento tecnológico obtido. Isto demonstra que há falta de informação por parte dos consumidores finais quanto à importância do lubrificante na manutenção das suas viaturas e, também, por parte das oficinas quanto ao lubrificante adequado para uma determinada viatura.
S – Qual a estratégia do Grupo MCoutinho para o mercado português, relativamente aos lubrificantes?
MC – A estratégia do Grupo MCoutinho no mercado de lubrificantes sempre passou por apresentar uma oferta abrangente de produtos com elevadíssimos níveis de qualidade e performance. Fazemo-lo através de uma parceria com a Castrol, chegando ao mercado com duas marcas “irmãs”, a Castrol nas nossas oficinas de mecânica e a Aral, marca líder no mercado alemão, nos nossos canais de distribuição, tanto na MCoutinho Peças como na AZAuto. Esta aposta na qualidade e no desenvolvimento tecnológico prende-se com os elevados níveis de exigência dos novos motores a combustão e respetivas emissões. Sabemos que um lubrificante menos indicado pode resultar num desgaste prematuro dos componentes do motor, filtros de partículas e mesmo um aumento de consumo de combustível. A Castrol sendo um lubrificante de primeiro enchimento e recomendado por muitas das marcas representadas pelo Grupo, transmite-nos essa segurança. A nível de sustentabilidade, é também fundamental para o grupo MCoutinho que o nosso parceiro esteja alinhado com a nossa estratégia. Toda a gama Castrol Professional utilizada nas nossas oficinas é neutra em CO2.
S – Quais os maiores desafios que se colocam aos produtores de resíduos em geral e a vós, em particular?
MC – Estamos em crer que, globalmente, existe uma grande preocupação naquilo que é o cumprimento da legislação ambiental. A legislação é cada vez mais apertada e as penalizações mais pesadas. Para o Grupo MCoutinho, naturalmente, essa é igualmente uma preocupação, mas com uma visão pedagógica do mesmo. Os nossos desafios internos são a promoção junto de todos os colaboradores dos 5R’s, incentivando a redução da produção de resíduos onde integramos o repensar e o recusar a utilização de determinados produtos, nomeadamente os consumíveis administrativos e das oficinas. Simultaneamente, existe também a preocupação na reutilização de materiais para as mesmas finalidades ou finalidades distintas. Por fim, após aplicar todas estas medidas, fazemos a reciclagem de todos os materiais. O Grupo MCoutinho encaminha para reciclagem ou reutilização 97% dos resíduos que gera nas suas oficinas. Para isto ser possível, existe um grande investimento em formação e acompanhamento para garantir continuidade das boas práticas e do cumprimento legal.
S – A Sogilub e o Grupo MCoutinho têm já vários anos de colaboração. Considera importante a adesão ao SIGOU? Como vê a interação com a Sogilub?
MC – A adesão ao SIGOU é fundamental. O Grupo MCoutinho tem uma vasta rede de oficinas de mecânica e de colisão que abrange uma vasta área do território nacional, desde Bragança até Lisboa. Fruto desta atividade, encaminhamos para reciclagem através do Sistema da Ecolub, aproximadamente, 200 toneladas de óleo usado. Para nós é a garantia de que os nossos resíduos de óleo usado retirado das viaturas serão devidamente encaminhados para tratamento. De igual modo, a adesão permite também o acesso à plataforma da Sogilub. Esta ferramenta trouxe uma evolução do processo, nomeadamente na obtenção de informação relativa à produção de óleo usado, do seu tratamento e seguimento de dados. A nossa colaboração com a Sogilub integra a nossa atividade no conceito de Economia Circular, permitindo-nos contribuir para o alargamento do ciclo de vida dos óleos usados.
S – De forma geral, considera a atividade da Sogilub importante para o Grupo MCoutinho, enquanto produtores de óleos usados e produtores de óleos novos? Porquê?
MC – A atividade da Sogilub é essencial. É a garantia que o óleo usado é 100% reciclado e que a quantidade de óleo novo que é colocado no mercado nacional é controlada. Tendo as duas vertentes integradas na nossa atividade, consideramos que este controlo do óleo novo que colocamos no mercado, garante que a jusante das diversas atividades económicas onde este é utilizado, existe o devido encaminhamento do mesmo para tratamento.
S – Como avalia a evolução do desempenho da Sogilub ao longo dos anos e qual o balanço que faz, de acordo com a vossa experiência?
MC – O balanço é muito positivo. A operação no terreno é muito coordenada e organizada. É muito simples obtermos toda a informação através do site, mas também todos os intervenientes no processo são muito colaborativos. No que diz respeito ao contacto com as pessoas que dão a cara pela Sogilub, a experiência é extremamente positiva. Uma colaboração contínua, com total disponibilidade para ajudar os seus parceiros em todas as vertentes, nomeadamente, preenchimento de declarações, esclarecimentos relativos à legislação, esclarecimento de questões relativas aos contratos celebrados, etc. O site da Sogilub contém muita informação acerca da legislação, boas práticas e esclarecimento de todas as questões relacionadas com o vosso processo. O Grupo MCoutinho utiliza nas suas ações de formação e sensibilização, diversa informação que se encontra disponível através do site. Nas nossas receções de oficina, temos inclusive afixado o vosso Letreiro – Recolha de Óleos Lubrificantes Usados para que os nossos clientes conheçam o nosso e o vosso processo.
S – Qual a sua opinião sobre a forma como a Sogilub comunica convosco?
MC – A Sogilub, nas pessoas que a representa, é extremamente célere e eficiente na resposta a todos os pedidos de apoio. Por exemplo, quando iniciamos a importação de viaturas usadas e a importação de óleos novos, tivemos de celebrar contratos e realizar os enquadramentos necessários no SILIAMB. Todo o processo, que à partida parecia ser complexo, foi esclarecido de uma forma tão clara que se tornou simples. E isto verifica-se em todos os processos que temos em conjunto.
S – Como avalia o portal https://www.sogilub.pt/ e a plataforma de declarações eletrónicas sogilub.net?
MC – A avaliação é claramente positiva. Tanto o portal como a plataforma são ferramentas fundamentais para nos mantermos informados e atualizados de todas as mudanças que ocorrem dentro do âmbito da sua atividade e, são ferramentas que facilitam todos os trâmites necessários à atividade. Seja celebração de novos contratos, requisição de pedidos de recolha de óleos usados ou acompanhamento da produção de óleos usados.
S – Considera importante que haja lugar à realização de ações de sensibilização/formação promovidas pela Sogilub, quer no âmbito dos óleos usados quer dos óleos novos?
MC – É extremamente importante. No Grupo MCoutinho fazemos continuamente ações internas, mas uma ação promovida diretamente pela Sogilub será sempre um reforço ao processo e proporcionará uma maior credibilização. É essencial que quem está no terreno constate a existência e a credibilidade desta sociedade gestora.
S – Existem algumas ações no âmbito da Economia Circular, que sejam desenvolvidas por vós e que gostasse de referir?
MC – O Grupo MCoutinho encaminha para reciclagem ou reutilização aproximadamente 1500 toneladas de resíduos produzidos nas suas unidades, maioritariamente originários das suas atividades de mecânica, colisão e armazéns de peças. Como referido, a nossa taxa de reciclagem é de 97% o que significa que apenas 3% dos resíduos produzidos são enviados para aterro. Regularmente são realizadas auditorias internas e ações de formação que visam contribuir para o desenvolvimento e consolidação do conhecimento dos colaboradores, consolidação dos planos de gestão de resíduos implementados em cada unidade, o respeito pelas normas ambientais, fomentação da reciclagem, reutilização e valorização dos resíduos produzidos, otimização da organização dos espaços de trabalho, redução do consumo de produtos e matérias-primas, evitando desperdícios, entre outros. Cada oficina tem planos de contentorização para resíduos definidos à medida da produção e dimensão de cada oficina. Os planos de contentorização visam promover a melhoria contínua e/ou manutenção das taxas de reciclagem, com o equilíbrio necessário para o correto desenvolvimento da operação e cumprimento legal. No que se refere à colocação de novos produtos no mercado, e estando nós mais ligados à importação de viaturas, peças, lubrificantes, etc., são também promovidas sessões de formação/esclarecimento de todos os intervenientes, ou possíveis intervenientes futuros, em processos deste âmbito. Com o objetivo de desenvolver projetos e ações que visem apoiar a proteção ambiental, mantendo o equilíbrio entre as exigências económicas, a preservação ambiental e o desenvolvimento social, o Grupo MCoutinho desenvolveu uma marca, designada como Planeta MCoutinho. O Planeta MCoutinho agrega todos os desafios do Grupo na área da sustentabilidade, determinante no desafio de reduzir a pegada ambiental. Integrado no plano de ação deste projeto destaca-se a contribuição para o desenvolvimento e consciencialização ambiental. O Grupo MCoutinho defende práticas empresariais que se traduzam numa gestão consciente dos valores e no respeito pelo ambiente e pela sociedade, ambicionando ser, também a este nível, uma referência nacional a operar no setor automóvel.
S – Tendo em consideração o facto de que o Grupo MCoutinho se relaciona com várias Sociedades Gestoras de Resíduos, que desafios futuros, do seu ponto de vista, se colocam às Sociedades Gestoras em geral, e à Sogilub em particular?
MC – As Sociedades Gestoras têm constantes desafios pela frente dada a mutação permanente da economia e legislação. Um dos desafios das Sociedades Gestoras de Resíduos é tornarem-se entidades mais próximas das organizações e dos consumidores. O sucesso futuro passará por uma comunicação muito mais desenvolvida e fluída, quer com os produtores de resíduos, quer com o público em geral. É importante que haja conhecimento geral acerca da forma de atuação de cada uma delas, dos resultados alcançados e evolução dos mesmos, sendo também importante mostrar qual o papel de todos para se conseguirem alcançar objetivos e qual o impacto que a colaboração de todos terá. A existência de mais comunicação entre Sociedades Gestoras poderia promover sinergias de forma a favorecer a economia circular e melhorar a comunicação de resultados. Um desafio seria, por exemplo, a realização de uma convenção anual de Sociedades Gestoras para todos os produtores de resíduos para apresentação de resultados.