Conversámos com José Cid Proença, Diretor Geral da SPINERG, que nos deu a conhecer a marca Shell e a sua filosofia de mercado, bem como a sua opinião sobre o sector dos lubrificantes em Portugal.
Sogilub (S) – A Spinerg é representante em Portugal dos Lubrificantes Shell. Fale-nos um pouco da Spinerg e da sua atividade/percurso em Portugal, principais atividades, o que vos diferencia no sector…
José Cid Proença JCP) – A Spinerg dia 2 de Novembro de 2021 celebra 11 anos de presença no mercado português representando a marca Shell – líder no mercado global de lubrificantes pelo 14º ano consecutivo. Estes 11 anos foram marcados por momentos de grande turbulência económica, em que foi determinante a qualidade da equipa de profissionais que possuímos, bem como, a qualidade e inovação dos produtos Shell, para ultrapassar os desafios que se apresentaram ao longo deste período. A Spinerg incorpora no seu ADN a centralidade na excelência e no valor acrescentado que os lubrificantes Shell trazem para o negócio dos nossos parceiros. Assumimos com grande orgulho e responsabilidade o património e a reputação contruído pela Shell ao longo de mais de 100 anos em Portugal, o que faz com que existam fortes níveis de reconhecimento e preferência da marca junto de consumidores e profissionais portugueses. A nossa grande diferenciação passa por estabelecermos elevados padrões para os nossos produtos, serviços, assim como pessoas, por forma a oferecermos as melhores soluções para os nossos clientes. Estamos constantemente a avaliar novas tendências e tecnologias para agregar à nossa proposta de valor, que passa muito pela digitalização nas áreas da manutenção automóvel e industrial, bem como pela área da sustentabilidade no que toca à descarbonização e objectivos de neutralidade carbónica.
S – De forma geral, considera a actividade da Sogilub importante? Porquê?
JCP – A Sogilub tem um papel fundamental como agente activo na gestão dos lubrificantes usados, liderando o processo de sustentabilidade nesta indústria, fomentando e promovendo uma economia circular no que toca aos lubrificantes. A Sogilub tem vindo a assumir um papel cada vez mais activo junto dos diversos stakeholders deste mercado, criando medidas e promovendo iniciativas relacionadas com investigação e desenvolvimento, e também nas áreas de segurança e ambiente relacionadas com o manuseamento de óleos usados.
S – A Sogilub e a Spinerg têm já vários anos de colaboração. Considera importante a adesão ao SIGOU? Como vê a interacção com a Sogilub?
JCP – O nosso papel e relevância no mercado de lubrificantes novos faz com que seja para nós absolutamente fundamental colaborar com a Sogilub. Partilhamos da mesma visão sobre a gestão integrada dos lubrificantes, sobre a protecção e compromisso permanente para com o meio ambiente, bem como o investimento em Investigação e Desenvolvimento para servir as necessidades do mercado de lubrificantes de futuro. Tudo isto torna fulcral a nossa adesão ao SIGOU como instrumento que materializa a missão de gerir eficazmente os óleos usados.
S – Como avalia a evolução do desempenho da Sogilub ao longo dos anos e qual o balanço que faz, de acordo com a experiência internacional da Spinerg/Shell?
JCP – Se olharmos para os dados constantes nos relatórios anuais da Sogilub facilmente se conclui que a sua acção, seja por imposições legais, seja por acções de sensibilização, ou ainda pela sua intervenção directa junto dos agentes económicos, tem levado a uma gestão mais eficiente, abrangente e racional dos óleos usados. Tanto quanto é dado a saber, os dados nacionais comparam muitíssimo bem com os dados internacionais.
S – Do seu ponto de vista, tendo em vista o desenvolvimento tecnológico, e as novas formas de encarar a mobilidade, nomeadamente o aumento da penetração dos veículos eléctricos, que desafios futuros se colocam aos Produtores de Óleos Lubrificantes, bem como à Sogilub, enquanto entidade gestora dos óleos lubrificantes usados?
JCP – Sabemos que a electrificação dos veículos automóveis e as novas soluções de mobilidade vão ser disruptivas para o mercado da manutenção automóvel, e para os lubrificantes em particular. A quantidade e variedade de fluidos que um motor de combustão interna necessita nos dias de hoje, não será necessária em veículos com baterias eléctricas. Por exemplo, um veículo eléctrico não consome lubrificantes para motor, enquanto um veículo que hoje consideramos normal consome cerca de 50 a 90 litros durante a sua vida útil. Esta vai ser uma viagem importante, que já começou, onde os produtores de óleos novos e a Sogilub terão que percorrer, ajustando a sua acção a outros segmentos que continuam a consumir lubrificantes, e quem sabe, reinventarem-se para responderem aos novos produtos que ganharão relevância nesta mudança de paradigma.
S – A situação, sem precedentes, que estamos a viver, está a ter um impacto enorme na atividade económica no geral, e na relacionada com o automóvel em particular. Quer comentar esse impacto e sugerir algumas medidas que pudessem ajudar a mitigar a situação?
JCP – A situação pela qual passamos em 2020 e este ano resultante de uma era de pandemia, foi uma experiência singular para todos nós, e um desafio sem precedentes para as empresas. Gerir o desconhecido, a ausência de uma perspectiva, fez com que as empresas tivessem que abandonar a sua forma corrente de trabalhar e olhar o negócio, para pensarem e recentrarem-se no curto prazo, tentando perceber as tendências, e reformulando as suas decisões. Creio que nesta fase as empresas têm que estar atentas e monitorizar as novas tendências do comportamento do consumidor/cliente: o que valoriza, como e onde quer comprar e ser servido, onde vai buscar a sua informação, como quer interagir com a marca, … Por outro lado, o que esta era de pandemia veio alertar foi para as pessoas: que competências têm que ser desenvolvidas dentro das equipas – criatividade, liderança, flexibilidade, empatia. Estas competências juntamente com a digitalização dos processos, flexibilidade das operações, serão pilares para encontrar e oferecer as melhores soluções ao consumidor. Estas ideias chave devem ser traduzidas para as empresas ligadas ao aftermarket, mas também para empresas mais ligadas a B2B.
S – A marca Shell é muito conhecida devido à sua participação no desporto automóvel. Isso é importante para a comercialização de lubrificantes?
JCP – A marca Shell é muito conhecida por um percurso notável de várias décadas na indústria petrolífera e agora no sector da energia. Este percurso que tem sido marcado pelo papel pioneiro com que apresentação as suas soluções de produtos e serviços aos Clientes, incorporando sempre tecnologia de vanguarda, liderando a indústria pela inovação. O desporto automóvel e o investimento em parcerias de longa data, como é o caso da Ferrari , tem uma componente de visibilidade de marca importante, mas também tem uma componente de desenvolvimento de produto automotive (lubrificantes e combustível) em conjunto com marcas de prestígio utilizando o palco de grandes competições de Motorsport para testar. O consumidor gosta de perceber que o produto que utiliza incorpora tecnologia que permite desempenhos excepcionais em condições extremas. Se é bom para um Ferrari, é bom para o meu automóvel.