Nesta primeira Newsletter de 2021, é inevitável fazer uma breve retrospetiva do ano que passou. Inevitável é também, que essa reflexão aborde a razão pela qual, pela primeira vez, foi exposta a vulnerabilidade da Humanidade, de forma global e imediata. 2020, não correu como esperávamos. Um novo vírus mortal e completamente desconhecido surgiu na China e espalhou-se rapidamente por todas as geografias, tendo infetado até agora mais de 116 milhões de pessoas, das quais mais de 2,5 milhões perderam a vida. Os Governos de todo o mundo, seguindo maioritariamente as instruções da Organização Mundial de Saúde, lutaram para minimizar as suas consequências, impondo medidas de distanciamento social, de ética sanitária, de confinamento, e restrições de circulação, que nos têm privado da mobilidade crescente a que estávamos habituados, e do convívio social em que se baseia o nosso desenvolvimento e o nosso bem-estar. Fruto desta paralisação social sem precedentes, vivemos um período de forte recessão económica global, com impacto no tecido empresarial e, consequentemente, na diminuição do emprego, com todas as nefastas implicações que daí advêm.
Mas, 2020 ficou igualmente marcado por alguns acontecimentos de grande importância para a humanidade e para o planeta, que passaram despercebidos devido à quase monopolização mediática da pandemia. Os incêndios florestais que se registaram pelo mundo, nomeadamente na Nova Gales do Sul (Austrália), no Ártico Siberiano, na costa oeste dos Estados Unidos e no Pantanal brasileiro, foram os maiores de todos os tempos, em escala e em emissões de CO2. Só na Austrália, os incêndios, que se iniciaram em setembro de 2019, queimaram 10.7 milhões de hectares (107 mil km2), uma área maior do que Portugal. Como boas notícias, são de realçar, a erradicação do vírus da poliomielite do continente africano, o que significa uma conquista notável para a saúde pública após décadas de trabalho, o que contrasta com a rapidez com que foram desenvolvidas vacinas capazes de fazer face à pandemia de Covid 19, atendendo a que, no início de 2020, havia um total desconhecimento do vírus.
Portugal, não passou incólume à pandemia, muito pelo contrário. Se na primeira vaga a situação até se podia considerar razoável, face à que se vivia noutros países, uma segunda vaga logo a seguir ao verão, pôs à aprova a resiliência do SNS, e forçou à tomada de medidas necessárias à prevenção do contágio, mais severas em termos de confinamento. Uma contração acentuada das exportações e do consumo, penalizaram sobretudo setores como o turismo, o comércio e a restauração, o que se veio a refletir numa queda de 7,6% do PIB nacional (INE), a primeira desde 2013.
Nesta situação de confinamento, e tal como tínhamos previsto, o mercado dos lubrificantes sofreu um forte impacto negativo, tendo-se registado uma contração de mais de 7% em relação a 2019, com o mercado de lubrificantes sujeito a ecovalor a apresentar um decréscimo de 6,5%, o que, aliado à descida dos índices de referência para a venda do óleo usado pré-tratado, forçou a subida do valor da prestação financeira.
Para a Sogilub, manter o sistema a funcionar sem disrupções, em todo o território nacional, com os mesmos níveis de desempenho, preservando a saúde e segurança dos colaboradores do sistema integrado de gestão dos óleos usados, e de todos os interlocutores onde a operação de recolha é feita, foi e é a nossa prioridade.
O cumprimento das metas cada vez mais exigentes neste difícil contexto social e económico, representou um enorme desafio, cujo cumprimento só não foi possível na taxa de recolha, que se situou 5% abaixo da meta de 100% requerida, tendo sido atingidas a 100%, as taxas de reciclagem, regeneração e valorização.
Por último, é com natural regozijo que destacamos que, através do Despacho n.º 1172/2021, foi concedida à SOGILUB, uma nova licença para a gestão de um Sistema Integrado de Gestão de Óleos Usados, válida até 31 de dezembro de 2025.
Neste momento particularmente difícil em que Portugal assume a Presidência rotativa do Conselho da UE, em que a pandemia de COVID-19 e as suas consequências socioeconómicas representam um desafio sem precedentes para a UE e os seus Estados-Membros, tendo como um dos objetivos, facilitar a transição para uma economia competitiva e neutra em termos de carbono, impulsionando o crescimento sustentável, a economia circular, bem como a inovação e a segurança do abastecimento energético, cabe à Sogilub, enquanto entidade gestora de um resíduo, dar os seu contributo, criando soluções cada vez mais equilibradas sob o ponto de vista, económico, ambiental e social, e contribuindo activamente para a substituição de matérias-primas que teriam que ser obtidas a partir de recursos naturais.
É este desafio que encaramos com determinação e responsabilidade, cumprindo os requisitos legais e as obrigações impostas pela Licença que nos foi concedida, procurando soluções mais eficientes, e aplicando boas práticas que permitam a melhoria contínua do sistema, com esperança de que 2021 seja, em todos os aspetos, melhor do que 2020.